Resumos

André Conforte 

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Carlos Henrique Fonseca

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Carmen Negreiros 

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Eliana Alves Cruz

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Germana Sales

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Jerónimo Pizarro

Fala-se muito da célebre arca de Fernando Pessoa e menos da sua biblioteca; contudo, ambas coexistiram e constituíam dois lados de um mesmo processo de escrita e leitura. Esta exposição propõe aproximar a “arca” e a estante (os livros lidos, anotados e por vezes vendidos ou dispersos), mostrando como a sua interseção permite conhecer melhor tanto o trabalho de criação como as redes de leitura de Pessoa. Com base em estudos sobre bibliotecas de escritores e sobre a formação de arquivos literários, defende-se que tratar a biblioteca e o espólio como campos complementares enriquece a interpretação dos textos pessoanos e abre novas possibilidades metodológicas —da história da leitura à edição crítica e à curadoria— para compreender a circulação de ideias e o lugar de Pessoa na cultura impressa do seu tempo. A valorização simultânea da arca e da biblioteca não é apenas um gesto erudito, mas também uma política de salvaguarda do património intelectual que permite ler, com mais rigor e sensibilidade, a “vida dupla” do autor entre os mundos da escrita e da leitura.


Lilia Schwarcz

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Madalena Vaz Pinto

No começo da séc. XX instaura-se o que o ensaísta João Barrento define como “uma desordem narrativa” (Barrento 2016, p. 67). Sinalizada pela interrogação “Quem narra no romance?” tal desordem marcou, há cerca de um século, início do séc. XX, portanto, um momento decisivo da modernidade literária, determinante para o futuro desta grande forma da tradição burguesa. Reveladora de um desassossego e desconfiança quanto ao narrador onisciente, tal indagação abre caminho para mudanças fundamentais nessa forma canônica de narrar: a história deixa de ser contada a partir “de fora”, de uma única perspectiva, e a matéria narrativa desenvolve-se de modo autônomo no corpo do texto, chegando ao leitor através de uma série de vozes que ‘dividem’ com o narrador a tarefa de contar a história. Nesta apresentação, trata-se de pensar como, na ficção de Maria Velho da Costa, já definida por alguns críticos como uma “câmara de ecos”, a multiplicidade de vozes que compõem o tecido narrativo sinalizam modos de escuta renovados e o descentramento do sujeito cartesiano ocidental.


Marcello Tomé 

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Paulo Cesar de Oliveira 

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Paulo Knauss 

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Rodrigo Xavier

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Sérgio Nazar David – Novas fontes manuscritas e impressas: releituras Viagens na minha terra, de Almeida Garrett

Pretendo demostrar como novas fontes, sobretudo manuscritas, mas também impressas, nos têm permitido redimensionar politicamente a obra-prima de Garrett, Viagens na minha terra (1843-1845-1846). Fontes manuscritas: correspondência ao irmão (Alexandre), correspondência a Rodrigo da Fonseca Magalhães, diário de Rodrigo da Fonseca Magalhães (ainda inédito). Fonte impressa: Memória histórica da duquesa de Palmela. Tal cruzamento de fontes nos permite: avaliar melhor a posição de Garrett perante a cisma com a Santá Sé (final dos anos 30); mais à frente também (anos 40) distinguir as suas movimentações nas disputas entre cartistas duros (cabralistas) e cartistas progressistas, nas guerras civis (Maria da Fonte e Patuleia) e no ocaso do
reinado de D. Maria II.


Silvia Quinteiro – Turismo Literário: desafios contemporâneos e caminhos de sustentabilidade

A comunicação analisa os desafios que o turismo literário enfrenta no panorama contemporâneo, entre a expansão acelerada das práticas e o risco de mercantilização cultural. Reflete-se sobre a necessidade de garantir a autenticidade e a profundidade da experiência literária, evitando a sua redução a mero consumo de imagens e lugares icónicos. Defende-se que a sustentabilidade deste setor depende de uma formação qualificada e da certificação dos produtos e experiências, assegurando padrões de qualidade e ética. São apresentados exemplos de boas práticas e modelos colaborativos entre academia, instituições públicas e agentes privados. O turismo literário é, assim, abordado como um campo de ação crítica e educativa, no qual a literatura se transforma em ferramenta de mediação cultural e de desenvolvimento sustentável.


Vanda Anastácio

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Vima Lia de Rossi – Ensino da literatura portuguesa no Brasil: criticidade, criatividade e emancipação

É consenso entre especialistas que o ensino de literatura, quando realizado de maneira tradicional, privilegiando a transmissão de informações em detrimento das experiências de leitura, pouco tem a acrescentar na formação humana dos estudantes. Sendo assim, pelo menos duas questões fundamentais se colocam para professoras e professores que ensinam literatura portuguesa: como ensinar essa literatura, do ponto de vista metodológico, e que autores/as e textos escolher para orientar e sustentar esse ensino, tendo em vista a formação de leitores sensíveis e críticos a partir de um repertório representativo das diferentes vozes que configuram o sistema literário português. Nossa comunicação discorrerá brevemente sobre essas questões a partir da contribuição de diferentes autores, em especial de bell hooks e Benjamin Abdala Jr.